Início Relatórios Relatório do 28o. Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (2019)

Relatório do 28o. Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (2019)

“Desigualdade e Democracia: qual é o papel das bibliotecas?” esse foi o chamado da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários e Instituições (FEBAB) para a 28ª. edição do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD), pois entende que nossa responsabilidade como bibliotecários – reafirmada em nosso juramento – nos compromete a defender a democracia, a liberdade de expressão e a inclusão de todos, e para isso, temos que ter consciência de nosso importante papel de colaboração na sociedade atuando com ética, compromisso e coragem. A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, assim como o Acordo de Paris sobre a mudança climática, são uma resposta da comunidade internacional destinada a mudar o atual estilo de desenvolvimento e construir sociedades pacíficas, mais justas, solidárias e inclusivas que protejam os direitos humanos, o planeta e seus recursos naturais. Os progressos da Agenda 2030 para a América Latina e Caribe são monitorados pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – CEPAL. Na Segunda Reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ocorrida no período de 18 a 20 de abril de 2018, foi publicado o “Segundo Informe Anual sobre o Progresso e os Desafios Regionais da Agenda 2030 para os ODS”, demonstrando que durante as últimas décadas a América Latina e Caribe melhoraram consideravelmente um conjunto de variáveis econômicas e sociais cujos indicadores e medições se encontram incluídos na Agenda 2030. Os dados mostram que entre 2004 a 2014 a região cresceu a uma taxa regional de 3.32%, anual, neste tempo foram implementadas diversas políticas em matéria social. A combinação desses fatores teve importante efeito sobre o bem-estar ao diminuir o número de pessoas extremamente pobres, de 63 milhões para 48 milhões, mas desde 2015 os números da região revelaram um aumento em todos os níveis gerais de pobreza e de pobreza extrema; em 2017, mais de 187 milhões de pessoas estavam vivendo na pobreza e 62 milhões viviam na pobreza extrema. A incidência da pobreza é levemente maior em mulheres, em idade ativa (15 a 29 e 30 a 39 anos), do que a registrada entre homens desses mesmos grupos etários. O relatório mostra que a América Latina e o Caribe é a região mais desigual do planeta e indica que 75% das pessoas que vivem na região não têm confiança nas entidades públicas; 85% pensam que a corrupção é um tema estendido na população; a maioria das pessoas entende que os serviços públicos de saúde não estão dando o resultado esperado e uma em cada três pessoas dizem que a Educação também não corresponde ao desejado. Aliado a isso, dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que 80 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07 (US$ 5,5) por dia, valor adotado pelo Banco Mundial para definir se uma pessoa é pobre. No que diz respeito à distribuição de renda, o Brasil continua sendo um país de alta desigualdade, inclusive, quando comparado a outros países da América Latina. Os países signatários da Agenda 2030 devem seguir trabalhando para alcançar as metas, e é importante destacar que a Organização das Nações Unidas (ONU) focará neste ano de 2019, seis dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 (4, 8, 10, 13, 16 e 17), sendo que a IFLA tem incentivado as bibliotecas trabalharem com mais foco em 4 desses, a saber: ODS 4 – Educação de Qualidade; ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico; ODS 10 – Redução das Desigualdades; ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes. Diante desse cenário e, considerando o trabalho de “advocacy” que a International Federation of Library Association (IFLA) vem realizando e também o que está sendo conduzido pela Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários e Instituições (FEBAB) – no sentido de mostrar que as bibliotecas são importantes aliadas para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – acreditamos que os profissionais da área de informação devem estar cientes e integrados nos temas centrais da sociedade. E o que estamos fazendo diante desses dados? Como colaborar para a diminuição da desigualdade? Quais são as atuações possíveis? Que habilidades precisamos desenvolver para dar respostas às essas demandas que estão na nossa porta? Como fazer a sociedade perceber que as bibliotecas podem melhorar suas vidas? Como prover o acesso à informação confiável? Se as bibliotecas públicas são os equipamentos culturais mais presentes em todo o território nacional, por que não conseguimos dialogar com nossas comunidades? Essas indagações foram tratadas nas diversas atividades que aconteceram durante os quatro dias de evento.

Acesse: http://repositorio.febab.org.br/items/show/4553