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FEBAB participa de painel internacional que delineia iniciativas essenciais para as bibliotecas em 2030

por Jorge Moisés Kroll Prado
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A convite da Associação Russa de Bibliotecários, a FEBAB esteve presente no último dia 19/05 no painel “Library 2030: the world has changed. Have we?”, realizado dentro da programação do Congresso Russo de Bibliotecas. A proposta do painel concentrou-se em três pontos que todos os presidentes de Associações tiveram que explanar: qual o plano de trabalho antes da pandemia; quais são os principais desafios enfrentados pelas bibliotecas do país durante a pandemia e quais as duas iniciativas chave para as bibliotecas para o ano de 2030.

Os países que estiveram presentes foram: Austrália, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, China, Croácia, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, Grécia, Letônia, México, Reino Unido, Sérvia, Suécia e Suíça. Junto a estes, também a Presidenta Eleita da IFLA, Barbara Lison e os presidentes da AfLIA (representação de países da África) e EBLIDA (representação de países da Europa).

Em nossa apresentação, destacamos os trabalhos desenvolvidos em torno da Agenda 2030, que vem pautando nossas ações desde 2017 e nosso compromisso e participação em torno da Visão Global da IFLA, com a qual quase mil profissionais do Brasil puderam contribuir. Entre os desafios, ponderamos que o estopim da maioria deles concentra-se no atual governo, que poderia ter amenizado os efeitos da pandemia com uma política estratégica, séria e compromissada com os direitos humanos. Ainda destacamos o desafio em se repensar o papel das bibliotecas e em como elas podem apoiar suas comunidades de maneira humana, justa e socialmente responsáveis.

Por fim, apresentamos como duas principais iniciativas para as bibliotecas para o ano de 2030: a formação continuada dos profissionais a partir de demandas surgidas pela pandemia para o desenvolvimento de melhores bibliotecas, alinhadas com suas comunidades e a importância dos dados sobre bibliotecas e profissionais para a criação de políticas públicas que fortaleçam tanto a classe como os espaços.

Mesmo com a presença de países com diferentes realidades e recursos, um ponto que se destacou na fala de muitos foi a necessária reinvenção da atuação de nossas bibliotecas. Este debate sempre foi muito comum na área e amplificou-se com a pandemia, uma vez que o acesso aos recursos informacionais e a mediação da informação diferenciaram-se bastante, suscitando a necessidade de se desenvolver novas competências e habilidades. Após a apresentação de todos os países, a comissão organizadora do evento agrupou os 5 principais pontos em comum em três categorias:

Bibliotecas e suas comunidades
  • Ampliar a visão das bibliotecas como essenciais para as comunidades, seja pela sua atuação presencial como digital com três pontos principais: os prédios das bibliotecas precisam se constituir em ambientes seguros; colaborar com a aprendizagem das crianças que foi impactada durante a pandemia e elaborar o conceito de “Biblioteca Aberta” para atender as necessidades da população em tempos pós-Covid.
  • Desenvolver coleções híbridas, provendo acesso internacional aos recursos em acordo com os direitos de autor. As bibliotecas digitais precisam ser fortalecidas como um dos pontos focais para as bibliotecas em 2030, ao estilo do movimento #eBooksForAll (e-books para todos) desenvolvido pela Associação Americana de Bibliotecários (ALA).
  • Adaptar e melhorar os serviços baseados em conhecimento utilizando big data, inteligência artificial e outras tecnologias de informação.
  • (Re)Estabelecer e promover as bibliotecas como “terceiro lugar” (em comparação aos nossos lares como primeiro e escola ou ambiente de trabalho como segundo lugar).
Bibliotecas e as pessoas profissionais da Biblioteconomia e Ciência da Informação
  • Desenvolver ambientes online (fóruns, congressos, webinars, encontros) que colaborem com atos administrativos e tomadas de decisão em todos os níveis da biblioteca.
  • Explorar alianças internacionais de cooperação multilateral como a BRICS Library Alliance e a Silk Road International Library Alliance.
  • Ampliar e desenvolver as habilidades em torno da formação em Biblioteconomia e Ciência da Informação.
  • Garantir a permanência da profissão no futuro.
  • Implementar a estratégia 4 da IFLA que visa otimizar as organizações profissionais da área.
Bibliotecas e agenda global
  • Aprimorar a presença digital das bibliotecas para fortalecimento da área em nível global.
  • Utilizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável como pauta para advocacy.
  • Fortalecer o papel das bibliotecas, evidenciando seu valor e poder, a partir de programas internacionais de advocacy.
  • Criar leis para desenvolvimento de políticas públicas em torno das bibliotecas em países em que isso não existe.
  • Manifestar, de maneira global, como as bibliotecas apoiaram suas comunidades durante a pandemia de Covid-19.

Esperamos que todos estes apontamos colaborem com a reflexão crítica em torno de nossas bibliotecas, desde a formação dos novos profissionais até a reinvenção daqueles que já estão no mercado.

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